segunda-feira, 7 de junho de 2010

o que você quer ser quando crescer? Feliz!

há 10 anos concretizei um sonho: me tornar publicitária. quando entrei na faculdade, não sabia ao certo o que eu pretendia com este título, mas estava fascinada com a oportunidade de brincar com a criatividade para vender ideias e emoções.
estava decidido: serei uma criativa (e seja lá o que isso quer dizer). a faculdade vende essa promessa, formar criativos especiais, aqueles que todo mercado cobiça ter em sua equipe. passei 4 anos tentando me tornar uma "criativa". de diretora de arte à redatora. fiquei frustrada porque nem sempre minhas ideias eram brilhantes, e eu achava que para ser criativo, isso era pré-requisito, ser sempre brilhante. desisti dessa vida de "criativa", de lá pra cá, passei tentando me achar dentro dessa profissão que escolhi. eu pensava: a Anamel (minha professora preferida, minha primeira chefe, minha orientadora da vida toda) me disse que sou criativa, mas eu não levo jeito para a criação, o que eu posso fazer então? onde eu posso usar minha criatividade?
os anos passaram e chegou uma hora que eu não podia mais perder tempo, tinha que fazer a profissão que escolhi render alguma coisa, ser de fato meu sustento, com ou sem criatividade.
fui trabalhar numa agência como planejamento. o que eu menos fiz foi planejamento, na verdade, mas tive a possibilidade de testar todas as áreas de uma agência, para descobrir onde afinal eu podia me encaixar. acabei me direcionando para o atendimento, quem diria? seguindo os passos da minha maior incentivadora. eu podia esperar tudo menos isso.
o melhor conselho que ela poderia me dar para essa nova função: tenha paciência e saiba administrar os sentimentos. existe um grande conflito entre atendimentoXcriação, e aqueles que conseguem administrar os sentimentos e ter paciência, ganham a guerra. respirei fundo e fui em frente.
perguntei: o que um bom atendimento tem que ter?
ela respondeu: organização; entender do negócio do cliente e conquistar a confiança das pessoas; carisma com honestidade.
e foi aí que fiz mais uma descoberta: entendendo do negócio do cliente, eu não conquisto só a confiança dele e da minha equipe, mas também tenho sentimento de causa para ajudar a minha equipe a achar soluções, ideias inovadoras e eficientes. e olha aí onde foi que eu finalmente pude "enfiar" minha criatividade.
hoje, quando participo de um brain e contribuo com minhas ideias, e vejo que elas serviram para construir uma campanha ou trabalho para meu cliente, eu me sinto realizada.
ser criativo não é um cargo, é um dom, não se aprende em nenhuma faculdade, a gente já nasce assim. o importante é saber como aproveitar isso dentro da profissão que escolhemos.
o atendimento é a pessoa dentro da agência que mais entende do cliente, e em contrapartida entende o processo criativo. se essa figura souber contribuir na construção dos trabalhos de forma estratégica, mais consistente poderá ser o trabalho da criação e como resultado final teremos campanhas bonitas, criativas e eficientes. o papel do atendimento não deve ser o de dificultar a vida da criação, seja passando briefings incompletos ou detonando uma ideia avaliada com o gosto pessoal, pelo contrário, estamos aqui para facilitar, dar todos os subsídios necessários, colhendo todas as informações, pensando junto com a criação para que a campanha seja aprovada sem refações e um sucesso absoluto.
ser criativo em atendimento é saber olhar as coisas sob uma ótica diferente, é entender o problema do cliente, traduzir isso de forma clara a todos, e auxiliar na construção de uma solução efiicaz. a criação não quer saber é de gente dizendo como eles devem fazer, e sim que digam o que deve ser feito. é para isso que uma agência é dividida em setores, para que cada um faça a sua parte. mas só faz sentido quando todos trabalham pela mesma causa, em conjunto. duas cabeças pensam muito melhor do que uma isolada.

Um comentário:

Impressões e expressões disse...

continuo achando que és uma diretora de arte super criativa, o que existe é uma super valorização do conceito de "criativo " nessa área. no entanto, fico feliz que estejas fazendo um atendimento criativo, mais tarde voltaremos a conversar sobre criatividade sem medos, deslumbramentos, simples, como é, sem ser medíocre. bjão